Entre as múltiplas reinterpretações desta obra literária, já todas nós, uma ou outra vez, nos cruzamos com a história de Elizabeth Bennet e Mr. Darcy – as personificações do “orgulho” e do “preconceito”, respetivamente.
A questão que permanece, ainda assim, é a seguinte: como pode uma obra essencialmente focada na busca de um casamento e de romance, nos seus estados mais clássicos e “tradicionais”, estar tão entrelaçada com as conquistas feministas? É precisamente disso que queremos falar por aqui!
Em primeiro lugar, importa entender que “Orgulho e Preconceito” foi pensado (e fá-lo eficazmente!) para retratar a forma como a mulher era encarada na época por uma sociedade profundamente patriarcal. Falamos no século XIX, momento onde existiam ainda enormes desigualdades e opressão de género estrutural.
Em segundo lugar, é inegável que Elizabeth Bennet é uma personagem forte, inteligente, carismática, sagaz e… feminista! Elizabeth é uma mulher vanguardista que partilha os ideias do seu pai no sentido em que não aprecia os ideiais convencionais da sociedade no que diz respeito à riqueza enquanto formulador de um “ranking” social.
O que nos leva ao terceiro lugar! Não podemos deixar de destacar a capacidade da obra de se focar num assunto que tudo tem a ver com os princípios de igualdade que regem o feminismo. O feminismo deve ser libertário, sem olhar a raças, etnias ou classes sociais. “Orgulho e Preconceito” demonstra que, mesmo há dois séculos atrás, existiam já enormes dicotomias entre classes (está tudo no título: “Preconceito”!).
Apesar de ser passado numa época em que as mulheres tinham tanto valor quanto a “qualidade” dos seus casamentos (um fator que dependia, por exemplo, da capacidade do marido de sustentar a sua família), ler “Orgulho e Preconceito” é uma excelente forma de entender que temos ainda tanto, tanto caminho a percorrer. Sim, é verdade que hoje em dia já temos a liberdade de fazer as nossas escolhas (pessoais, românticas, profissionais…), mas se assim o é, em muito o devemos a “personagens” como Elizabeth, capazes de reafirmar as suas opiniões!
Muitos mais motivos podíamos enumerar, mas o melhor é mesmo ler o clássico de Jane Austen. Faça-o e partilhe as suas opiniões no Clube de Leitura da Josefinas, no WhatsApp (AQUI) ou no Telegram (AQUI).
Boa leitura!