25 Mar 2020
Quem foi Maya Angelou?
Poetisa, memorialista, feminista, ativista pelos direitos civis, mulher. Maya Angelou foi uma mulher forte, que viverá para sempre.
Quem foi Maya Angelou?

Nascida Marguerite Ann Johnson, a 4 de abril de 1928, em Saint Louis, no estado do Missouri, Angelou teve uma infância difícil. Depois da separação dos pais, mudou-se para o estado de Arkansas com o irmão, longe da mãe. Lá, experienciou em primeira mão o peso dos preconceitos raciais e da discriminação. Mas os seus problemas de infância não ficaram por aí... durante uma visita à mãe, foi violada pelo namorado desta. Mais tarde, os seus tios mataram o namorado da sua mãe, vingando esse ato horrível. A educação realmente molda os nossos pensamentos e crenças, e, muito cedo, Angelou aprendeu isso da forma mais difícil. Profundamente traumatizada pela experiência, e sentindo-se responsável pela morte deste homem, Angelou parou de falar e passou cerca de cinco anos muda. Recomeçou a falar aos 12 anos, com a ajuda de Sra. Flowers, uma mulher afro-americana educada que marcou profundamente a sua vida, e que Angelou recorda no seu livro infantil Mrs. Flowers: A Moment of Friendship (Sra. Flowers: Um Momento de Amizade).

 

Quando a Segunda Guerra Mundial começou, Angelou mudou-se para São Francisco, na Califórnia, com a mãe. Ganhou uma bolsa de estudos para estudar Dança e Representação, mas, aos 16 anos, os seus sonhos foram colocados em espera. Depois de dar à luz o seu filho, Guy, tornou-se a primeira mulher negra condutora de teleférico, embora esta experiência não tenha durado muito tempo. Mudou-se para San Diego, onde começou a trabalhar como empregada de bar, dançou num clube de strip, trabalhou como cozinheira num restaurante crioulo e até numa oficina mecânica. Mas os seus sonhos de ser poetisa, dançar e cantar, não estavam mortos. Esta mulher resistente ainda tinha muito pelo que viver.

“Podes não controlar todos os acontecimentos da tua vida, mas podes decidir não deixar que eles te debilitem.”

 

Na década de 1950, continuou os estudos de dança em Nova York - a sua carreira começava a dar frutos, e conseguiu vários papéis importantes na Broadway e fora dela. Foi membro do Harlem Writers Guild, a mais antiga organização de escritores afro-americanos com sede em Nova Iorque. Lá, conheceu James Baldwin, Martin Luther King, entre muitas outras figuras proeminentes da época. Em 1957, apareceu na produção Calypso Heat Wave, e lançou o seu primeiro álbum Miss Calypso. Como atriz, Angelou ganhou um Tony Award e foi nomeada para um Emmy, entre muitas outras distinções.

Na década de 1960, Angelou viveu no exterior por um longo período. Viveu no Egito e no Gana, onde trabalhou como editora e escritora freelancer. Nessa época, juntou-se à comunidade “Revolutionist Returnees” (os retornados revolucionários), explorando o Pan-africanismo e tornando-se próxima de Malcom X. Os anos 60 foram um momento crucial na sua vida: Angelou entrou em contacto com a cultura africana e experienciou um “renascimento”.

 

“Coragem é a mais importante de todas as virtudes, porque sem ela nós não podemos praticar nenhuma outra virtude com consistência. Não podemos ser gentis, verdadeiros, misericordiosos, generosos ou honestos.”

 

De volta aos EUA, começou a publicar as suas memórias, uma série de livros que começaram com o clássico I Know Why the Caged Bird Sings (Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola) (1969)- que foi nomeado para o Prémio “National Book Award” e aclamado como o seu magnum opus. Depois disso, sete outros trabalhos sobre a sua vida surgiram, completando a série de autobiografias.

Publicou ainda muitos outros romances e livros de poesia que lhe concederam o status de uma das mais proeminentes figuras femininas na literatura. Em 2001, Maya Angelou foi nomeada uma das mulheres mais poderosas da América pelo Ladies Home Journal.

Não podemos deixar de destacar Just Give Me a Cool Drink of Water ‘fore I Diiie (1971) – indicado para o Prémio Pulitzer, o seu primeiro trabalho de coletânea poética, And Still I Rise (1978), uma coleção de poemas sobre encontrar alegria no amor, na família, no orgulho próprio e na autoconfiança, ou On The Pulse of Morning, o poema ousado escrito e declamado no dia da tomada de posse do Presidente Bill Clinton, em 1993, que, tal como ela, também cresceu no Arkansas.

 

“Uma mulher sábia deseja ser inimiga de ninguém e recusa ser vítima de alguém.”

 

Maya Angelou usou o poder das palavras – o qual renegou na sua infância - para explorar e destacar temas controversos como o racismo, o abuso sexual e a violência sexual. Com grande ênfase, ela destacou-se retratando o poder feminino e exigindo justiça. Foi uma mulher inovadora e criativa, que teve a coragem de pegar nas partes mais sombrias e dolorosas da sua vida e transformá-las em obras vencedoras - e verdadeiras lições de vida para todos nós, homens e mulheres.

 

Maya Angelou morreu aos 86 anos de idade, em 2014. Mas viverá para sempre, o poder das suas palavras pertence a todos nós agora, para com ele vivermos e aprendermos.

 

Escolhemos Carta à Minha Filha de Maya Angelou como a nossa primeira sugestão para o Clube de Leitura Josefinas. Uma história absorvente, escrita para uma filha que nunca existiu — um conto para todas as mães, filhas, tias, amigas, mulheres. Uma história sobre viver uma vida com significado e sentido, sobre perseverar, sobre aprender a ser grato e encontrar confiança nas nossas escolhas e no nosso caminho.

O dom do conhecimento está nas palavras inspiradoras de Angelou, e queremos compartilhá-las com vocês. Espreite a nossa revisão, aqui.