21/01/2017, 4 da manhã: Hora de sair se casa, com toda a determinação possível, rumo a Washington DC - onde junto de milhares de mulheres, de todas as raças, crenças e idades, marchei pelos valores em que acredito e pelos ideais que defendo.
Ainda hoje, e já depois do rescaldo do acontecimento, sinto no corpo uma onda de adrenalina quando penso naquele dia e em todas aquelas mulheres - é difícil transcrever em palavras a união e a esperança que se sentiu durante a marcha. Na verdade, tudo começou ainda em NYC, quando na estação de autocarros encontrei centenas de mulheres prontas a viajar para Washington. E no meio de uma fila de perder de vista e funcionários numa azáfama total, o ambiente já era fantástico: trocavam-se sorrisos cúmplices, comentavam-se cartazes e pronunciavam-se palavras de coragem e esperança - todas sabíamos que aquele era O dia.
Ainda durante da viagem, fui trocando mensagens com a Sofia e a Maria, que estavam em Hong Kong e acompanhavam as notícias sobre a marcha na TV. Já elas me diziam que se via um mar de gente em D.C. Enquanto isso, eu não conseguia deixar de sorrir quando pela janela via os famosos autocarros escolares americanos... cheios de mulheres a caminho de D.C.! Por todo o país, todos os meios possíveis foram utilizados para mobilizar mulheres.
Quando cheguei, faltaram-me as palavras: milhões de pessoas - homens, mulheres e crianças - caminhavam em direção ao ponto onde se iniciava a marcha. Não pude deixar de parar uns minutos para absorver aquele ambiente.
Marchei por mim, como mulher, e pelos ideais e valores que defendo e pratico diariamente. Marchei por todas as mulheres da minha vida e por todas as que me inspiram diariamente. Em todos os segundos marchei também por todas as mulheres com sonhos roubados e vozes ingratamente silenciadas. E com muito orgulho, marchei em nome da todas as mulheres Josefinas, que trabalham arduamente para inspirar outras mulheres a lutar pelos seus sonhos - na verdade, mesmo sem uma presença física, senti que todas elas marcharam ao meu lado naquele dia.
Quando me perguntam como foi a marcha, só consigo responder que me encheu de esperança. Em vez de violência, vi união. Vi que estávamos ali umas pelas outras. Vi abraços sentidos entre pessoas desconhecidas. Vi olhares cheios de força de mudança. Vi homens que carregavam as suas filhas nos ombros, ensinando-as que na vida temos de sair de casa e lutar.
Naquele dia, não só em D.C., mas em todo o mundo, nasceu algo muito poderoso. Um movimento que se baseia na força e na união das mulheres, e que todas nós temos o dever de não deixar morrer. E por isso, faça o que estiver a seu alcance: ensine, lute, respeite, ajude, eduque, partilhe. Cada vez que os nossos atos ajudam outra mulher a realizar um sonho, o mundo torna-se num lugar melhor. ❤
Um beijinho,
Rita