Os membros do ThePinkBond conheceram esta semana, em primeira mão, as três novidades que chegarão no final do mês... e embora o nome da coleção fique em segredo para o resto do mundo para já, hoje desvendamos a inspiração para o novo modelo de ténis Josefinas.
As conquistas femininas nas mais variadas modalidades desportivas são símbolo de evolução e empoderamento num mundo originalmente reservado aos homens... e este foi o nosso ponto de partida. Acreditamos que tudo o que criamos deve ter significado e, por isso, esta coleção homenageia mulheres atletas - amadoras e profissionais. Assim, os três novos pares de Josefinas destacam a história de três mulheres pioneiras em três modalidades distintas.
Kathrine Switzer
Kathrine tinha 19 anos, estudava na Universidade de Syracuse e treinava não-oficialmente com a equipa masculina de cross-country. Em dezembro de 1966, numa noite de neve, discutiu com o seu treinador, que lhe contava histórias motivadoras sobre os atletas da Maratona de Boston, mas que lhe dizia que as mulheres não podiam participar no evento.
Kathrine corria 16 quilómetros por noite, mas o seu mentor insistia que a distância era longa demais. A certa altura, combinaram que, se ela fosse capaz de correr a mesma distância num treino, a apoiaria no evento.
A atleta não só foi capaz de correr os 42km, como sugeriu que corressem mais uns quilómetros para se sentir mais segura relativamente à Maratona de Boston. O treinador concordou e, quando chegaram à nova meta, desmaiou. No dia seguinte, insistiu que Kathrine Switzer se inscrevesse na corrida – juntos, verificaram o livro de regras e concluíram que não havia nada que proibisse a participação feminina.
Switzer fez os testes para obter o certificado de aptidão física e conseguiu as autorizações de viagem. Em 1967, quebrou a barreira e foi a primeira mulher a participar oficialmente na Maratona de Boston, a corrida que, até então, era comunicada apenas para homens. A sua participação revolucionou o mundo do desporto, sobretudo quando foi agredida fisicamente pelo diretor da prova, que não gostou que a atleta usasse o dorsal identificativo. A foto deste incidente transformou-se numa das “100 fotos que mudaram o mundo” da Time-Life.
Kathrine terminou a Maratona de Boston, mas, tendo em conta a discriminação que sentiu, decidiu usar esta conquista como um gatilho para criar mudanças para as mulheres. Trabalhou ativamente para que as mulheres pudessem participar oficialmente na Maratona de Boston em 1972 e, mais tarde, no mesmo ano foi uma das criadoras da primeira corrida de estrada feminina.
Charlotte Cooper
Charlotte Reinagle Cooper nasceu em 1870 e foi uma pioneira do desporto. Era conhecida desde pequenina como “Chattie” e ficou conhecida por ser uma tenista britânica que se destacou pela técnica agressiva e aos movimentos habitualmente vistos nos jogos masculinos.
Charlotte foi uma das primeiras mulheres a conquistar títulos – cinco! - em Wimbledon, tendo enfrentado um desafio ainda maior quando, em 1896, ficou surda. Porém, Chattie adaptou o jogo para não depender dos sons e foi bem-sucedida, mesmo com essa limitação e a falta de pragmatismo dos uniformes femininos exigidos pela federação. O mundo desportivo estava repleto de preconceitos e isso refletia-se, a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos.
Em 1900, nos Jogos Olímpicos de Paris, algumas modalidades (cujos homens consideravam adequadas) passaram a incluir a competição feminina: golfe, ténis, hipismo, vela e cricket. No entanto, as mulheres eram vistas como atletas convidadas e não eram premiadas. Os homens recebiam a coroa de oliveira, mas as mulheres, que representaram apenas 2% do total de participantes, recebiam apenas um certificado.
Nesse evento, aos 30 anos e no auge de sua carreira, Charlotte disputou os torneios de simples e duplas mistas em Paris e venceu os dois. Assim, a tenista britânica escreveu o seu nome na História do desporto: Charlotte Reinagle Cooper foi a primeira campeã olímpica.
Maria Teresa de Filippis
Aos 22 anos de idade, a italiana Maria Teresa de Filippis começou a correr por causa de uma aposta com dois dos seus irmãos, que não acreditavam que ela pudesse conduzir a alta velocidade. Enfrentou muitos preconceitos por ser a única mulher num desporto que, até então, era integralmente composto por homens: o automobilismo. A sua carreira foi curta, mas, durante o período de competição, Maria Teresa foi vice-campeã no campeonato italiano e foi contratada pela Maserati para correr na categoria máxima do automobilismo mundial, a Fórmula 1.
Flippis tentou classificar-se para cinco grandes prémios, quatro pela Maserati e um pela Porsche, tendo conseguido classificar-se para três deles. A sua melhor prova foi em 1958, no tradicional Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica – começou em 15º lugar e terminou em 10º. Porém, no Grand Prix do mesmo ano, em França, o seu género proibiu-a de competir. O diretor de provas afirmou que “uma jovem tão bonita como aquela não deveria usar capacete, a não ser o secador de cabelo no cabeleireiro” e aproveitou a ocasião para a afastar da modalidade.
A carreira de Maria terminou em 1959, despedindo-se no Circuito do Mónaco. No entanto, vinte anos depois, juntou-se ao Clube Internacional de Ex-Pilotos de Fórmula 1 e tornou-se vice-presidente do clube em 1997. Mais tarde, foi também presidente do clube da Maserati.