Virginia Woolf é uma referência inegável para muitos escritores – e leitores – dos nossos dias.
“Orlando” foi publicado pela primeira vez há 94 anos, mas é inquietante descobrir, à medida que vamos lendo, que muitas preocupações sociais descritas nos livros permanecem as mesmas. Vamos ter que fazer um pequenino spoiler para chegar onde queremos – e pedimos já desculpa, com antecedência!
Resumidamente, a história segue Orlando, a personagem principal, que nasceu como um homem nobre durante o reinado de Isabel I, em Inglaterra. Misteriosamente, aos 30 anos de idade, Orlando sofre uma mudança de sexo, vivendo por mais de 300 anos, sem envelhecer. “Orlando” é inspirado na amante de Virginia, Vita Sackville-West, uma mulher também casada e com uma turbulenta história de vida, que levou Woolf a fazer troça da sociedade e das suas visões retrógradas – Vita e o seu marido tiveram casos com pessoas do mesmo sexo, e Woolf inspirou-se na impossibilidade do casal de herdar a casa da família de Vita. A relação de Virginia e Vita era repleta de ciúmes – se lermos com atenção, podemos localizar estes sinais no livro.
Preparem-se para entrar num mundo de perguntas, à medida que expomos alguns dos pensamentos que consideramos mais impressionantes neste livro – com esperanças de conseguir inspirar-vos a ler esta obra imperdível, se ainda não o fizeram.
Foto de @mejorconlibros_ (via Instagram)
#01 Papéis de género, who?
Como gostaríamos que os papéis de género fossem coisa do passado... No entanto, não é esse o caso. “Orlando” afirma-o muito claramente: os papéis de género são inevitáveis, e homens e mulheres são considerados e compreendidos de forma diferente. Por mais que tentemos lutar contra esta realidade – e certamente fazemo-lo nos nossos dias! – na altura, as diferenças eram ainda mais gritantes. Orlando vive esta realidade na primeira pessoa, e o seguimento desta personagem mostra-nos que 300 anos não mudaram esta perspetiva... Já passaram quase 100 anos desde que Virginia Woolf afirmou o óbvio, e ainda assim, nós, enquanto sociedade, teimamos em recusar a colocação de homens e mulheres ao mesmo nível: o de pessoas.
#02 Ser diferente é normal
Ser diferente significa que... precisamos de nos conformar? Este foi um dos pensamentos presos nas nossas cabeças enquanto líamos. E sim, felizmente, esta perceção mudou um pouquinho ao longo do tempo. Mas foi o suficiente? Esperamos, naturalmente, ser guiadas através de diferentes normas e regras da sociedade ao longo dos 300 anos que se desenrolam no livro – e somos, de facto – mas a constante necessidade de Orlando de se encaixar, se conformar, e ser aceite torna-se, para ele, como uma prisão. Quais são as vossas prisões neste momento? Não poderíamos libertarmo-nos delas e esquecer o que os outros esperam de nós? Bem, aqui fica material de reflexão. Não precisam de agradecer.
#03 Os registos biográficos não têm de ser chatos!
Este foi provavelmente o romance biográfico mais giro que já lemos. Está cheio de fantasia e imaginação, e realmente faz-nos pensar: será que isto foi mesmo real, ou terá siso apenas mais ou menos assim que aconteceu? As biografias podem, sim, ser poéticas, podem, sim, ser filosóficas, e podem, sim, fazer-nos refletir sobre questões que, normalmente, não consideraríamos! Esta é uma biografia pouco convencional, é verdade, mas é uma viagem incrível.
Foto de @leituranarede (via Instagram)
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