20 Oct 2021
Quem foi Amelia Earhart?
É impossível resumir uma vida tão recheada de conquistas e sucessos, mas eis a nossa tentativa de o fazer e honrar uma verdadeira Power Woman!
Josefinas_Amelia_Earhart

Amelia nasceu em 1897 no Kansas, nos Estados Unidos da América. Com uma educação pouco convencional, mostrou desde cedo uma enorme vontade de romper com os papéis de género: a sua avó costumava odiar as suas roupas e, ao contrário das outras meninas, subir às árvores fazia parte do seu dia a dia.

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Já no ensino secundário, Amelia tinha um livro de recortes de jornal onde guardava registos de outras mulheres com sucesso em mundos masculinos sem imaginar que, um dia, poderia ela estar nos livros de outras adolescentes pelo mesmo motivo.

Amelia era uma leitora ávida, com sede de conhecimento, e uma aventureira nata. Depois de terminar o ensino secundário, partiu para Toronto (na altura em que irrompia a Primeira Guerra Mundial) e, com vontade de fazer a diferença, tornou-se assistente de enfermeira para a Cruz Vermelha como voluntária num Hospital Militar.

Por esta altura, chegava a Toronto a Gripe Espanhola, o que a levou a embrenhar-se ainda mais nas suas funções. A certa altura, também ela ficou doente: Amelia sofreu de pneumonia e sinusite (um problema que a acompanhou quase toda a vida), esteve hospitalizada e foi operada (sem grande sucesso) várias vezes, o que fez com que se ligasse ainda mais à leitura e à poesia, aprendendo a tocar banjo e também algumas noções de engenharia mecânica.

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Depois de recuperada, Earhart visitou uma feira de aviação... e foi aí que despertou o seu desejo de voar. Durante um ano frequentou um curso na Universidade de Columbia em estudos médicos, mas acabou por desistir para regressar para a Califórnia, para junto dos pais. Foi em Long Beach, na companhia do pai, que visitou um aeródromo em que voou com o famoso piloto Frank Hawks e se apaixonou decididamente pela aviação!

Depois da experiência, estava determinada a aprender a pilotar e, para tal, teve múltiplos trabalhos que a ajudaram a financiar as aulas. Por sorte (ou destino), a sua professora foi Anita Snook, também ela uma piloto pioneira neste mundo tradicionalmente masculino!

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Amelia comprou o seu primeiro avião em 1921, um Kinner Airster amarelo que apelidou de “The Canary” (O Canário). Um ano depois, já quebrava recordes de altitudes e, no ano seguinte, tornou-se a 16ª mulher no mundo a ter uma licença de piloto nos Estados Unidos da América.

Os anos 20 foram desafiantes e a piloto batalhou com problemas financeiros da família e com os seus próprios problemas de saúde. Foi então que vendeu o seu avião, voltou a ser hospitalizada e teve de seguir um caminho diferente, afastado do sonho da aviação. De regresso à Califórnia, foi novamente hospitalizada e operada. Após a recuperação, o seu objetivo era regressar à universidade, mas os problemas financeiros que assolavam a família obrigaram-na a desistir desse plano e de, mais tarde, ingressar no MIT.

Foi então que trabalhou como professora e assistente social, mas o sonho de pilotar não desapareceu nem por um segundo!

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Mais tarde, Amelia tornou-se membro da American Aeronautical Society’s Boston, que presidiu. Por ser decidida e ter continuado a investir neste campo, trabalhou como comercial na Kinner Aircraft e escreveu colunas em jornais, através dos quais promovia a aviação, e numa organização de pilotos femininas.

Após o épico voo a solo de Lindbergh (um famoso militar e piloto) sobre o Atlântico em 1927, a piloto Amy Guest queria ser a primeira mulher a fazê-lo, mas, considerando a viagem demasiado perigosa, foi Amelia quem, em abril de 1928, aceitou o desafio. Nesse mesmo ano, foi a co-piloto de Wilmer Stultz num voo de quase 21 horas que aterrou no País de Gales.

Após este voo transatlântico, a imagem de Amelia era usada para promover de tudo: os seus livros de aviação, as suas palestras e tours, até marcas de malas de viagem, cigarros e roupas. A sua imagem tinha um je ne sais quoi de mística e, nesta altura, uma grande variedade de itens promocionais com o nome Earhart surgiria, catapultando-a para o sucesso – uma marca de roupa, uma coleção de malas de viagens, entre outros.

Esta foi a melhor forma de financiar as suas viagens. Depois desta aventura, Amelia tornou-se editora da revista Cosmopolitan, onde continuou a sua campanha pela igualdade de género na aviação. Em 1929, estava entre os primeiros aviadores a promover as viagens aéreas comerciais, investindo tempo e dinheiro para transformar este sonho numa realidade – Amelia tornou-se, ainda, Vice-Presidente da National Airways.

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Apesar do sucesso crescente, faltava na vida de Amelia a criação de um recorde exclusivamente seu, e assim partiu para fazer o seu primeiro voo de longa distância a solo. A viagem de agosto de 1928 tornou-a na primeira mulher a atravessar o Norte da América e regressar. As suas habilidades de aviação cresciam e, com elas, o reconhecimento dos restantes pilotos profissionais.

Durante um breve período, Amelia ingressou em corridas aéreas e, depois, tornou-se oficial da National Aeronautic Association, onde promoveu o estabelecimento de recordes separados para mulheres e homens, e se tornou um elemento essencial da Fédération Aéronautique Internationale. Foi, então, que Amelia fundou e presidiu uma organização de pilotos femininas - The Ninety-Nines -, que fornecia apoio às mulheres na aviação.

Em maio de 1932, aos 34 anos, Amelia concluiu o seu primeiro voo transatlântico a solo. Partiu de Harbour Grace, Newfoundland, e aterrou quase 15 horas depois – depois de atravessar ventos e nortadas fortes, condições de gelo e mesmo problemas mecânicos – em Culmore na Irlanda do Norte.

Tornando-se a primeira mulher a voar a solo, sem paragens, sobre o Atlântico, recebeu do Congresso a Distinguished Flying Cross, bem como a Cross of Knight of the Legion of Honor do Governo Francês e a Gold Medal of the National Geographic Society do President Hoover.

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Em 1936, Amelia era membro do conselho da Purdue University como consultora técnica no Departamento de Aeronáutica, e foi lá que começou a sonhar com o primeiro voo à volta do mundo.

No ano seguinte, partiu com Fred Noonan como seu navegador para fazer esta viagem no seu Lockheed Electra. Em junho, a dupla começou a viagem de 29 000 milhas (47 000 km) desde Miami, para Este. Nas semanas seguintes fizeram várias paragens para reabastecer, e chegados a Nova Guiné, no final do mês, tinham já percorrido 22 000 miles (35 000 km).

Uns dias mais tarde, dirigiam-se para a Ilha Howland, a cerca de 2 600 milhas de distância (4 200 km). Já se esperava uma viagem atribulada, especialmente porque o pequeno atol de corais é difícil de localizar - por esse motivo, navios da Marinha sinalizavam a rota. A equipa estava em constante contacto via rádio e a Guarda Costeira Americana encontrava-se à sua espera perto de Howland, mas foi numa dessas transmissões que Amelia alertou para o facto de estar a ficar sem combustível. Uma hora depois deste anúncio, Earhart fazia a sua transmissão final.

Nove anos antes desta viagem, Amelia Earhart tinha casado com o editor George Putnam. Tal como na vida, a visão de Amelia sobre o casamento era liberal e George respeitava esta liberdade. A sua história de amor é uma de união e comunhão respeitadora, que vale a pena conhecer - no livro “Last Flight”, publicado em 1937, incluem-se algumas entradas de diários, cartas e outros materiais que Amelia terá enviado a George ao longo desta viagem.

Acredita-se que o avião terá desaparecido a 100 milhas (160 km) da Ilha Howland. Earhart e Noonan foram dados como desaparecidos no mar, depois de alguns dias de investigação minuciosa.

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O misterioso desaparecimento de Amelia Earhart captou a atenção de todo o mundo e gerou, até hoje, milhares de teorias. Desde há 84 anos que Amelia é a inspiração para dezenas de livros, filmes e documentários.

Earhart é, realmente, uma inspiração para todas nós e, muito em breve, apresentaremos as Josefinas Amelia, inspiradas nesta Power Woman, que vivia à frente do seu tempo e que tanto lutou pelos direitos das mulheres.