E devemos ter consciência que a pessoa ao nosso lado pode ser uma vítima. Perguntamo-nos como podemos ajudar, como acabar com a situação, mas para uma pessoa que nunca sofreu com isso, há certas coisas que simplesmente não sabemos. E sim, temos medo de perguntar, porque não queremos magoar essa pessoa ou fazê-la sentir-se mal. Portanto, juntamos alguns factos que a irão tornar mais consciente sobre diferentes aspetos relativamente a este problema.
1) As pessoas que sofrem de violência doméstica abandonam as relações?
Seria perfeito se todas as pessoas que sofressem de violência doméstica saíssem da relação. A verdade é que algumas pessoas saem definitivamente e não têm medo do abusador e outras que simplesmente e, pelo contrário, não. Relações com base na violência doméstica ainda oferecem às suas vítimas algo como segurança financeira ou uma relação com a pessoa que amam . Nesta TED TALK, Leslie explica as razões das vítimas não abandonarem a relação. Mas lembre-se, esta não é a resposta, existem alguns programas em que a maior preocupação é ajudar as vítimas a sair desta situação.
2) As vítimas sentem culpa?
Algumas vítimas acreditam que não há problema em serem abusadas e que é normal. Ou, simplesmente não se aperceberam que a situação é abusiva. Ou que a merecem. Ou que é a única forma de serem amadas. Ou simplesmente não têm meios e dinheiro para deixar o abusador. Portanto, as vítimas lidam com isso e sentem-se envergonhadas. Há muitos “ou(s)”. A verdade é que acontece, mas não deveria. Os sobreviventes não deveriam sentir-se envergonhados.
3) É tudo acerca do poder do abusador?
A violência doméstica ocorre quando um dos parceiros exerce o seu poder sobre o outro. Não tem nada a ver com amor ou preocupação com o parceiro. Não se trata apenas do poder que o abusador tem sobre a vítima, mas também do controlo. O abusador quer sentir que controla a pessoa que está a dominar. E pode ou não tornar-se um abuso físico. Mesmo assim, é violência.
4) Reagir com violência é a solução?
Só em casos de auto-defesa. Reagir com violência não é a solução. Faz com que apenas comece um ciclo de violência. Há várias maneiras de acabar com a violência doméstica sem magoar a outra pessoa OU sem ninguém se magoar.
5) A violência doméstica acontece no trabalho?
Sim, e é uma realidade.
6) Devo perguntar a um/uma amigo(a) que tenha passado por isso?
Nunca é fácil saber o que fazer quando uma pessoa que amamos está numa relação abusiva.
Pode seguir os seguintes passos:
1) Ouça e acredite no seu amigo. Deixe-o controlar a sua própria vida. Se a pessoa de quem gosta não quer sair da relação ou falar com a polícia, não a force a fazê-lo.
2) Não se envolva nos seus conflitos . Chame a polícia.
3) Ofereça ao seu amigo um lugar seguro para ficar.
4) Pergunte ao seu amigo as suas razões para ficar e ofereça ajuda.
7) As drogas e o álcool são a causa da violência doméstica?
Muitas pessoas que bebem e consomem drogas não são violentas. Achamos que a culpa está na substância e não no abusador. E os abusadores consomem drogas e álcool como pretexto pela sua violência, culpando a cerveja em vez do seu próprio comportamento.
8) A violência doméstica só acontece a mulheres que são pobres, dependentes e sem instrução?
A violência doméstica não discrimina. Afeta todas as raças, classes socioeconómicas e níveis de educação em qualquer região geográfica. Contudo, os meios económicos importam. Uma pessoa que seja financeiramente mais dependente do seu parceiro tende a experienciar mais abuso. E os abusadores sabotam o dinheiro dos seus parceiros para os manter dependentes. Portanto, resolver o problema da violência doméstica requer esforços para assegurar que as mulheres ficam financeiramente independentes e as que não são, tenham a coragem de sair de relações abusivas.
9) A violência doméstica é apenas feita por homens
Por cada homem hospitalizado por violência doméstica, há 46 mulheres que vão para o hospital pelo mesmo problema. Os números são maiores entre as mulheres, mas os homens também o experienciam, tanto por parte de parceiras como de parceiros masculinos. E as mulheres também cometem atos de violência contra os parceiros masculinos e femininos.